Moinho Colognese - Caminho dos Moinhos Ilópolis/RS
A percepção da necessidade de preservar os moinhos do Vale do Taquari veio de uma ilustre moradora da cidade, Judith Cortesão, precursora da educação ambiental no Brasil. De origem portuguesa, Judith trocou a cidade de Rio Grande por Ilópolis no fim dos anos 1990 e se encantou com o potencial histórico da região. “Um moinho de quatro andares, inteiramente construído de madeira, paciente e primorosamente polida a mão, sem uma única peça de maquinaria de metal e pronto para funcionar. Podemos considerar essa obra-prima do trabalho humano como de relevância mundial”, afirmou a pesquisadora na ocasião. Para ela, era o “primeiro de um circuito de mais de duas dezenas de moinhos do Alto do Taquari, que se constituiu no elemento essencial de uma economia auto-sustentável”. Na proposta de restauração, Judith escreveu sobre a importância dessas edificações para os colonos: “Era o moinho que assegurava a polenta, o pão de milho, a quirera dos pintinhos, o farelo das vacas”.
Os moinhos ganham novo fôlego e assumem novos papéis. Em 2000 a professora e ambientalista Judith Cortesão apelou para a urgência da restauração, pesquisa e divulgação dos moinhos coloniais. De lá para cá, já voltaram a funcionar alguns dos moinhos, como o Moinho Vicenzi, situado ao lado de uma magnífica cachoeira. No coração do Caminho, em Ilópolis, funciona desde Fevereiro de 2008 o conjunto do Museu do Pão, compreendo o Moinho Colognese, a Oficina de Panificação e o museu propriamente dito.
Judith morreu antes de ver as correias, pedras e cilindros funcionando ou as belas tábuas de araucária com 7,5 metros de comprimento reluzindo outra vez em Ilópolis.
O conjunto arqutetônico e museológico, em uma área de 550 metros quadrados, é um diálogo entre tradição e modernidade, unindo as raízes de um passado sofrido, marcado pelo trabalho duro, mas também pela poesia, a um futuro com muitas expectativas. Envolve o Moinho colonial que, restaurado, volta a funcionar e a produzir farinha nos moldes de antigamente; o Museu do Pão, que conta o percurso milenar desse alimento, cujo simbolismo universal sempre se expressou de maneira contundente no cotidiano dos italianos; e a Oficina de Panificação, que se insere no resgate da culinária tradicional dos imigrantes e na formação e capacitação de jovens para o exercício da profissão.
O roteiro turístico e cultural dos moinhos leva o visitante a uma região de belíssimas paisagens: suaves vales e montanhas, rios e regatos, cachoeiras e lagos, densas matas de araucária, grutas, arquitetura rural dos imigrantes e um povo acolhedor.
O moinho, o museu e a escola
Moinho Colognese
Ilópolis (Centro)
Construção: 1910
Estado: restaurado e funcionando
O restaurado Moinho Colognese voltou a funcionar e produzir farinha, podendo receber visitas guiadas.
Histórico
1930 - O Moinho Tomasini & Baú surge de uma sociedade entre os irmãos José e Biaggio Tomasini e Pedro e Antonio Baú. Foi construído pelo carpinteiro Garibaldi Bertuol com madeira fornecida pela Serraria Araçá de Tomasini e Cia. O maquinário a vapor alimentado por lenha foi montado por técnicos alemães. A produção de moagem diária de trigo é de 20 sacos de 60 kg. Posteriormente a sociedade é desfeita. O moinho passa por diversos proprietários e locatários: por fim, é fechado e o seu maquinário, vendido. Carlos Colognese aluga o prédio e ali monta um armazém de secos e molhados.
1953 - O prédio é adquirido pelos irmãos Ângelo, Savino, José, Augusto e João Ernesto Colognese. O moinho é novamente montado com a denominação de Colognese e Cia. João Ernesto Colognese e a sua esposa Ada conseguem, como proteção, um quadro com a imagem de Santa Catarina de Alexandria, padroeira dos moleiros e dos moinhos.
1976 - Os irmãos Colognese vendem a patente de registro para um outro moinho, desfazendo a sociedade.
1982 - João Ernesto Colognese assume integralmente a propriedade.
2004 - A Associação dos Amigos dos Moinhos do Vale do Taquari é criada e adquire o imóvel com recursos doados pela Nestlé Brasil.
2005 - O escritório Brasil Arquitetura elabora projeto para a restauração do moinho, integrado ao projeto do conjunto do futuro Museu do Pão. Inicia-se a restauração do moinho pelos alunos do curso de Restauração e Artesanato de Madeira, promovido pelo IILA (Instituto Ítalo Latino Americano). O projeto tem patrocínio da Nestlé Brasil, apoio da Prefeitura de Ilópolis, IPHAN e Universidade de Caxias do Sul.
2006 - A construção do conjunto Museu do Pão e Oficina de Panificação é iniciada com patrocínio da Nestlé através da Lei de Incentivo à Cultura do Estado do Rio Grande do Sul.
2007 - A construção do conjunto, bem como o restauro do moinho e de seu maquinário são concluídos.
2008 - Inauguração do Museu do Pão, que compreende o Museu, a Oficina de Panificação e o Moinho Colognese, ponto de partida para a implantação do Caminho dos Moinhos.
Bodega do Moinho
O antigo depósito de grãos do Moinho foi transformado numa acolhedora bodega, que oferece produtos da oficina de panificação e de toda a região. É um novo ponto de encontro, lazer e convivência para moradores e visitantes.
Museu do Pão
No Museu do Pão, uma pequena coleção de objetos utilizados pelos imigrantes italianos do Vale do Taquari, refaz a trajetória da produção do alimento “do grão ao prato”. Uma linha do tempo resume 6000 anos da presença do pão na história da humanidade. No pequeno auditório documentários, filmes e palestras discutam temas ligados ao pão e à imigração italiana, entre outros.
Oficina de Panificação
A oficina de panificação insere-se no resgate da culinária tradicional e na formação e capacitação de jovens para o exercício da nobre profissão da Arte Branca. Ali serão ministrados diversos tipos de cursos de panificação e confeitaria para crianças, jovens universitários e moradores da região.
Fontes: italiaoggi, portaldoagrovt, horizontegeografico, regiaodosvales
Fotos: turismo.rs.gov.br, flickr.com, sortimentos.com, onne.com.br, vivercidades.org.br